27 março 2015

07 outubro 2014


São José do Rio Preto, 07 de Outubro de 2014
Dia 1
Hoje venci mais um desafio. Tenho um acordo e sou uma pessoa responsável, por isso tenho que cumpri-lo. Antes de ser um acordo com meu mentor, ou com minha filha Gabi e com meu chefe Glauco, é um acordo com a Vida. Àquela que quero deixar de herança a minha filha, ao mundo e a minha própria memória. Vencer a si mesmo é uma tarefa das mais difíceis. Ontem saí daqui (do trabalho) passando muito mal. Apenas confiava nas palavras do meu anjo em forma de médico Beleloy: “é só sintoma, você não vai desmaiar, não vai ter uma parada cardíaca e muito menos ficar louca”. Agarrada a essas palavras peguei o ônibus lotado. Foco na casa, Antes a ideia era perambular e pegar um pouco de ar. Mas o “chamado do ninho” é mais forte. Obedeço e chego em casa em segurança, sem surtar ou morrer!Nisso já tomei minhas duas sertralinas e meio rivotril. Mas  a falta de ar hoje está difícil de ceder. A Aline fez bolo de cenoura, os cachorros pulam em mim, corro para o banheiro, porém não consigo respirar. Enfim, sento à mesa e me acalmo mais. Faço um mingau, aconchego em forma de comida. Minha ligação com alguma lembrança reconfortante da qual não consigo abrir mão nem por um bolo de cenoura.
Passo horas contemplando o jardim e minha gata Cora pulando, enquanto tenho minhas conversas inesgotáveis com a Aline. Vou dormir tranquila. Porém, inexplicavelmente acordo à meia-noite com muita falta de ar. Fico até as 2 horas fazendo todos os exercícios de respiração que conheço, sem resultado algum. Nisso já foi mais um rivotril e meio. Decido ir tomar banho, fico horas sob a água quente, depois seco os cabelos e tomo um copo de leite, volto para cama. Mais meio rivotril e a falta de ar permanece, porém mais leve agora. Depois de não sei quanto tempo concentrada em minha respiração, consigo adormecer. Acordei atrasada, com dor de estômago, enjoada e a falta de ar permanece.

Mas eu tenho um acordo. E estou aqui.

23 setembro 2014

Levando a gente da gente


...Chega um dia, a luz chega
suave, atravessando paredes,
mundos,
memórias,
levando a gente da gente.
Chega um dia, a luz chega
atravessando memórias, paredes,
e suave,
fica com a gente.
Mãos em prece
Miguel Maniglia
Só fica o rastro da luz, do cheiro, da voz em tudo e em nada. Presença que é pura ausência.

17 junho 2014

Cantando em silêncio


Sentada com a coluna ereta, ou mesmo deitada, quando estou muito cansada. Habituei-me à quietude desde criança. Nunca investiguei se foi por algum tipo de medo. Mas essas posições físicas de sentar-me ou deitar-me imóvel por horas, são extremamente naturais para mim. Mal consigo perceber a minha respiração. Na verdade, vou diminuindo o fluxo vital ao mínimo possível, numa experiência bem próxima à morte. Sinto desligando-me de mim ou daquilo que chamo de “mim”: meu corpo físico.
Nesse estado, posso ver as esferas mais altas do globo celeste. Mas também posso ver o meu interior: coração, garganta, cérebro, rins, fígado, as glândulas tireoides, pineal, o timo e posso vislumbrar meus ossos.
A experiência com os ossos é das mais bonitas e ricas que já vivenciei. Aprendi que a cura só realiza-se a partir deles. Vejo muito sentido nisso. Afinal, o sangue é produzido dentro dos ossos na medula óssea, conhecida popularmente por tutano dos ossos. Trata-se de tecido líquido, parecido com uma esponja cheinha de sangue. Apesar do nome, “medula óssea” não tem nada a ver com a medula espinhal, que fica na coluna vertebral e faz parte do sistema nervoso.
Nos primeiros anos de vida, todos os ossos têm capacidade de produzir sangue, mas conforme crescemos, apenas os mais longos - como o fêmur da perna e o úmero do braço - e os mais achatados - como as costelas e o osso do quadril, entre outros - continuam fabricando essa substância. A fábrica medula óssea não para nunca de trabalhar, porque o sangue vai se renovando. Em média, o ciclo de vida de cada célula sanguínea é de quatro meses. Enquanto algumas vão morrendo, outras vão sendo produzidas para substituí-las. Quando essas células estão totalmente formadas e maduras, soltam-se da medula óssea e penetram na rede de vasos sanguíneos do corpo, irrigando e levando vida ao ser humano. Ou seja, todo o corpo humano, quer seja interna ou externamente vai se renovando. Os ossos também, embora em uma velocidade bem menor.
A coluna espinhal é nosso primeiro órgão a ser formado e, a partir dele os membros se desenvolvem. Morremos, e a única coisa que sobrará por um bom tempo serão eles, os ossos.
De modo, que percebo uma clara relação entre as ditas “maldições” transmitidas de pais para filhos por meio dos ossos. E também com as pragas e trabalhos de maldade que são incrivelmente resistentes de serem retirados. É que muitas vezes queremos curar a carne, ou o sangue, enquanto que o problema é mais profundo e forte. “Pegou”-se aos ossos.
Cantando sobre os Ossos podemos desfazer todos os tipos de magias, quebrantos, feitiçarias e males genéticos, tanto espirituais quanto físicos.
É como chegar ao cerne do problema. À raiz do mal e só assim, poder eliminá-lo. Claro que sempre dentro da vontade divina e do livre-arbítrio da pessoa que será “cantada”.
Cantamos para tirar o “encanto” e encantar novamente aquela vida de sonhos, vigor e força.
A pessoa com quebranto, quebrantada ou com mal-olhado sente fraqueza. É como se fosse feita apenas de massa. Mal consegue sustentar seu próprio peso. Não caminha, arrasta-se. E muitas vezes, sente uma dor generalizada pelo corpo, como se fosse uma febre interna, porém que não pode ser medida, pois não está nas partes aquosas (carne, sangue, órgãos) do corpo, está nos ossos. E eles queimam. E o diagnóstico não é possível de ser identificado.
Nas crianças com quebranto muito forte, chegam a ficar apenas pele e osso e se não forem ‘cantadas’ a tempo, morrem. Muitos chamam de mal de simioto e acreditam que a origem seja a desnutrição ou intolerância à lactose, quando, na verdade é um quebrando profundo ou uma maldição de nascença. Tanto que não são raros os casos que foram curados com benzimentos, principalmente em muitas regiões com assistência médica deficiente. Não vou alongar-me nessa descrição das crianças com esse tipo de problemas, pois é bem extensa a explicação.
Maldição existe?
Escuto muita gente que diz não acreditar em maldições. Seria como dizer que não acreditam em energia. Maldição é energia na sua forma negativa É como se fosse uma radiação. Não um veneno. O veneno pode ser vomitado, excretado, pode levar à morte, Mas é bem diferente da radiação. Essa, mais uma vez, é prova de que tal energia fixa-se nos ossos das pessoas. Quem estuda os elementos radioativos sabem que existem vários graus de radiação. E que cada substância leva um tempo para desaparecer em contado com o corpo humano. Do mesmo modo a energia maléfica/maldição ou quebranto também tem um tempo de duração, infelizmente esse tempo pode ser bem longo. Tem radiações/maldições mais leves e tem as mais fortes.
E aí a pessoa pode me dizer: como que “Cantando sobre os Ossos” podemos curar uma pessoa?
É simples. Pela imensa e poderosa energia do som. Não apenas a mera repetição de palavras. Mas o som entoado que, por misteriosos canais, fazem vibrar nossas células até os ossos.
Além disso, não posso negar que existe o ‘dom’. O dom da empatia. A cantadora ou cantador pode ‘sentir a pessoa’ em sua totalidade, em seu sofrimento e ir modulando a entoação da reza ou canto conforme a necessidade de cada um.
É uma compreensão que mistura intuição, fé e também a complexa compreensão das energias, da radiação. Do mesmo modo que uma praga entrou pelo som, ela sairá pelo som. O antídoto é o próprio veneno. Moisés exemplificou-nos isso com a Serpente de Bronze e, sempre que penso nesta imagem: uma serpente de bronze, penso na rigidez de uma coluna vertebral, tanto que ela foi colocada em um lugar onde todos pudessem ver: mirá-la, contemplá-la para serem curadas. A coluna está no alto, ou melhor, nosso centro energético.
Ao Cantar, não apenas emitidos os sons, mas magnetizamos esses sons com amor, com muita misericórdia pelo outro e por nós mesmos, mas também fazemos movimentos que acompanham o timo de cada canto, formando uma dança, que só quem canta consegue sentir e perceber. O nosso ventre se move, e cada célula do nosso corpo pode sentir a energia circulando, primeiramente do centro da Criação ou trono Divino de onde se origina toda vida, passando por cada célula do corpo de quem canta e chegando ao paciente e libertando-o de tal fardo.
Quando a cura se dá no âmbito ósseo, ela realmente é efetiva.
Cantar é o mesmo que rezar. Porém, gosto mais do primeiro termo, por ser mais completo, por envolver ritmo. Podemos dizer que o canto é uma ressonância magnética. Ressoa em todo corpo até atingir, com seu magnetismo, os ossos enfermos.
Como todo tratamento, nem sempre a cura se dá em uma única dose. Como já disse anteriormente dependerá de muitos fatores: do grau de energia condensada que encontra-se ali solidificada, da permissão divina e da vontade do paciente de ficar curado.
Cantando sobre os ossos, eles votam a ficar limpos e a produzir sangue limpo e puro. Posso dizer com muita alegria e emoção que eles ficam lindos e brilhantes, na verdade resplandecentes e a pessoa recupera o vigor e ânimo.

O mundo precisa de mais cantadores. Precisa de pessoas que percebam que a crua para maioria dos males espirituais, encontra-se nos ossos.

23 abril 2014

Foi Deus quem fez você



Foi Deus que fez o céu,
O rancho das estrelas.
Fez também o seresteiro
Para conversar com elas.

Fez a lua que prateia
Minha estrada de sorrisos
E a serpente que expulsou
Mais de um milhão do paraíso.

Foi Deus quem fez você;
Foi Deus que fez o amor;
Fez nascer a eternidade
Num momento de carinho.

Fez até o anonimato
Dos afetos escondidos
E a saudade dos amores
Que já foram destruídos.
Foi Deus!

Foi Deus que fez o vento
Que sopra os teus cabelos;
Foi Deus quem fez o orvalho
Que molha o teu olhar. Teu olhar...
Foi Deus que fez as noites
E o violão plangente;
Foi Deus que fez a gente
Somente para amar. Só para amar...

Eu te amo. Sempre te amarei.

"Querido oceano Índico, proteja-os, mantenha-os aquecidos, abrace-os, tire o medo, cuide bem do MH370, até que cheguemos para levá-los para a casa".


23 novembro 2013

Uma reflexão sobre o karma Pode parecer exaustivo. Afinal há muitos e infinitos livros e artigos sobre o tema. Mas estas são reflexões, ou percepções, particulares a respeito desse assunto. Sempre pensei que Karma fosse algo grande. Tipo um único pacote. Ou uma única peça. Como a Cruz de Cristo. Então, minha grande, e única missão neste planeta, seria descobrir qual o meu karma e daí em diante encontrar o melhor modo de lidar com ele. Fazer do limão uma limonada. Em um determinado ponto da minha vida, peguei-me com tantos problemas que não sabia por onde começar a solucioná-los. Para todo lado em que olhava, havia complicações. Problemas de todas as ordens e tamanhos: materiais, físicos, familiares... Desde coisas aparentemente simples como uma infiltração na parede ou um armário que há muito não limpava, como mais complexos como um divórcio e uma empresa falida. A situação era tão complexa que em meio a tanto o que fazer, acabava por não fazer. Prostrada, via os dias passando sem conseguir sair do lugar. Não porque não quisesse resolver. Mas porque não sabia como. Não falo de pessoas acostumadas a viver ‘no rolo’, que agem conscientemente à respeito das consequências de suas más ações. Falo de uma pessoa (eu) que foi criada de acordo com princípios sérios de respeito ao próximo e observância às leis. Mas que, por razões alheia a sua vontade, viu-se envolta em problemas de toda ordem. Não quero excluir, contudo, a minha responsabilidade sobre a situação! Só deixar claro que não foi consciente (e aí está o grande mal: agir reativamente e inconscientemente). Mas vamos adiante... De tanto perguntar ao Universo: Por que eu? Por que comigo? Me deparei com uma importante, ou talvez a maior lição da minha vida: justamente o aprendizado sobre o meu Karma. Um dia, pedindo orientação a uma entidade chamada de Preto Velho, rezei diante dele todo meu rosário de tragédias, e ele, com toda simplicidade, me falou: “Misi fia tem qui puxar um fio di cada veiz”. Saí de lá furiosa..Queria que ele me desse um manual de como lidar com meus problemas. De qualquer modo, essas poucas palavras ficaram ecoando dentro de mim: “Um fio de cada vez”. E vai eu estudar Feng Shui, quem sabe a explicação não estaria na disposição da minha casa na planta cósmica, ou na disposição dos cômodos e móveis...Mas os problemas maiores eram tão urgentes que me consumiam e me deixavam sem forças para pensar nessas coisas menores, tipo a cor certa para o área dos relacionamentos ou a forma geométrica da área do sucesso...Não! Acredito piamente na sabedoria Oriental, mas agora não era hora para detalhes. Estudando a Kabbalah me deparei com o conceito de Tikkun, ou Conserto ou Reparação. O equivalente judaico do conceito de Karma. Essa palavra “Conserto” me soava mais próxima, pois sempre gostei da ideia de reparar as coisas, ao invés de trocá-las por novas... Que temos que consertar a alma originalmente sem defeitos, ou comportamentos reativos em vidas passadas. Mas o problema era: qual tikkun? A resposta: Não temos um tikkun para reparar, temos vários Klipot (cascas) como uma cebola. Isso me desesperou! Pois esperava um trabalho hercúleo, ou um uno golpe de misericórdia que destruísse o tal do karma definitivamente! Mas os problemas eram urgentes e grandes. E de tanto olhar para eles me prostrei diante da incapacidade de solucioná-lo. E dia após dia zumbizava à base de Rivotril, ou enfiando a cara no trabalho até à exaustão, esperava que com o tempo (que cura quase tudo) o problema se resolvesse por si mesmo. Estudava sobre várias religiões, como se cada uma fosse um lindo romance para ser desfrutado, mas não aplicado à vida prática. E o tempo foi passando e além de os problemas não se resolverem, se multiplicaram... Percebi que havia chegado em um beco cósmico sem saída. A questão do meu karma pessoal havia me encurralado contra mim mesma, como a esfinge egípcia: Decifra-me ou devoro-te! Um dia, lendo um livro do mestre budista Shunryu Suzuki, que caiu-me nas mãos “por acaso”. Li: “Um tigre usa toda a sua força para pegar um camundongo”. Em meu modo de vida capitalista ocidental pensei: “Que desperdício! Temos que ‘economizar’ energia, ou despender exatamente a energia necessária para cada caso”. Mas quem foi que disse que por trás de uma coisa simples, não se esconda uma complexa? Ou que um problema, aparentemente fácil de resolver não se transforme em algo complicado? E não era isso que justamente estava acontecendo comigo? De repente entendi porque os budistas usam a mesma concentração e diligência tanto para limpar um banheiro quando para compreender um complicado sutra antigo: Não existe problema maior ou menor, existe problema. E este é para ser resolvido, com igual esforço e dedicação. Ele diz: “Se você sabe que há algo errado com seu carro, pare-o imediatamente e dê um jeito nele. Mas, geralmente, não fazemos isso. “Ah, é só um pequeno problema. Ele ainda está andando. Vamos embora”. Esse não é o nosso caminho! Ainda que seja possível continuar dirigindo o carro, deve-se cuidar muito bem dele. Se você levar o carro até o limite, os problemas continuarão piorando, até que finalmente ele não sairá mais do lugar...” Essa era a minha vida, esse carro. Assim, embora seus problemas do cotidiano sejam pequenos, se você não souber como resolvê-lo você terá muitas dificuldades. Essa é a lei do Karma. O Karma começa a partir de coisas pequenas, mas, com a negligência, o karma ruim cresce. O que sei é que toda religião é bonita, desde que seus praticantes façam aquilo em que dizem acreditar. Quando se persegue o karma diligentemente, ele é conduzido numa boa direção e evitamos assim sua natureza destrutiva. E conseguimos isso prestando atenção à natureza dos nossos problemas. E como disse meu querido Preto Velho: Não importa o tamanho do emaranhado. Comece puxando um fio por vez, separando, desfazendo os nós... Ou como o feng shui tentava me explicar: arruma cada área da sua vida, todas precisam de reparo e atenção plena. Todos sabemos como a bagunça se aloja numa casa: um dia deixamos o sapato sem guardar, depois o copo do lado da cama, depois uma camisa na cadeira, um prato na pia e mais outro, outro... Reparar é a nossa rotina diária. Não deixar para depois. Encarar o que tem que ser feito o quanto antes. Trabalhar e trabalhar, quer seja para reparar um corpo em desequilíbrio que já apresenta ‘problemas’, ou uma vida financeira arruinada. Com diligência e paciência chegaremos lá. Nem todos tem um karma de digno de cinema, mas todos têm o karma de reparar as pequenas desordens que deixam pelo próprio caminho.


20 agosto 2013

Deserto


Onde o galo não canta,
O pinto não pia,
A criança não chora
E o gato não mia.

13 junho 2013

Música


Eu já fui perfume.
Moí-me a ponto de incenso.
Agora sou música,
Vibrando em uníssono com a Criação.

28 dezembro 2012

Fonte


"As minhas palavras não se esgotam. Provêm de uma fonte infinita. Não acreditam? Tragam a vossa sede; eu trago a minha inspiração!"

Emílio Miranda

18 outubro 2012


"Existem ossos sem carne, mas não carne sem ossos".

                                                                 provérbio judeu 

13 outubro 2012

No oco


Abri os braços para o vento. Colei o rosto no rosto do tempo.
Fiquei assim em silêncio, sentindo o seu cheiro.
O cheiro de todos os tempos.
Rostos, vozes, luzes, todos dançavam diante de mim.
O grande círculo estava completo.
Me sinto todos quando entro no oco do mundo.

05 outubro 2012

Mansidão



Gosto do que é quieto. Que instala silêncios entre os eventos do dia a dia.
Do olhar mudo. De lábios cerrados. E mãos suspensas no ar. No caminho entre o carinho e a razão.

É por aqui? Não é?
O que fazer? Correr, fugir, se esconder?
Tocar ou não tocar?
Falar nem pensar! Palavras ficam inscritas no cartório do Universo.

Quero mais. Mas não quero admitir.
Ou não posso. Ou não é hora. Ou não tenho certeza. Ou simplesmente é meu jeito quieto de ser.
Aposto que o tempo saberá o que fazer.
Posso sentir os dias se moverem.
Eles têm o cheiro da promessa. Daquilo que se quer muito, mas que causa desespero quando chega.
Meus cabelos sentem. Minha pele estremece. Há mais certeza no não dito que no declarado.

20 setembro 2012

!!!!!!!!!!!!!!!!

caiu
uma gota dos teus olhos
na chuva do meu corpo

10 setembro 2012

Escrever


Escrever é isto: olhar para a página em branco e pensar a infinidade de coisas que podemos fazer com esse espaço todo!
É se como num dia muito azul contemplássemos maravilhados  a imensidão do céu, ou um gramado enorme, ou uma praia onde a areia fininha se mistura ao mar imenso.
O que pensamos? O que temos vontade de fazer?
Sair correndo abraçando tudo, jogar bola, soltar pipa, rolar no chão e tantas coisas mais que nem dá para descrever. 
Nossos olhos precisam de espaços abertos. Nossa alma se alimenta de muitas coisas, mas também se alimenta de vazios. Pausas na correria do a dia a dia. Os espaços são janelas que nos enchem de vida, de ânimo e criatividade.
Mas como selecionar o que escrever em meio ao turbilhão de idéias? 
Mais uma vez pense que está em meio a um campo verdinho ou em uma praia. O que você faz? De imediado nada, não é?
Pára e contempla, não é assim?
Depois com a mente serena pense no que ficaria bem naquele cenário. No que você gostaria de fazer naquele dia. Só faça aquilo que lhe dê prazer. Sim, seja hedonista. Aqui você pode!
Erro grave é tentar agradar aos outros o tempo todo.
Papel ou tela em branco é igual travesseiro. Aquele lugar só nosso, isento de críticas.

23 julho 2012

Resignação


Talvez seja efeito da maturidade.
Ou a tal da crise da meia idade. (Acho que dá na mesma)
Ou mesmo uma pausa para reflexão no meio da caminhada
Diante do tumulto da viagem.
Das perdas, ausências e alegrias que se intensificam no correr dos dias.
Risos e lágrimas se confundem.
Os fatos de sobrepõem.
Somos qual paredes de uma casa antiga:
muitas demãos de tintas, outras tantas de cal, 
reboco, riscos, marcas de mãos.
Eventos desconexos desfilam diante dos meus olhos.
Sonhos ou realidade?
Analiso diante do meu prisma. Só do meu.
Não sei ver com os olhos dos outros.
Não tento mais colocar os óculos dos meus avós e pais.
Hoje sei que não me servem.
Não me preocupo mais com várias questões que me atordoavam.
Sei o óbvio: que nada, verdadeiramente, nada sei.
Mas que também não preciso saber!
Viver me basta. 
Seguir as cheias, os momentos de plenitude e frescor.
E descansar no tédio dos dias calmos.
Sim, sou feliz. Sei que sou feliz!
Duma felicidade contida, serena, pacífica.
De quem não se debate mais diante daquilo que se chama vida





25 novembro 2011

Nem morto...



O amor tem uma consciência louca do futuro.
De fazer passado com o futuro.
A paixão vive fora do tempo.
O amor vive no tempo, porque deixa rastros.
Paixão se esquece.
E amor, nem enterrando acaba!

16 agosto 2011

Violet Hill (Colina Violeta)


Era igual mirra.
Era tenro.
Nascido naturalmente nas encostas dos caminhos.
Amarelo como o orvalho da noite.
O golpe foi duro!
O cheiro se espalhou por toda a terra
O vaso quebrado doía tanto.
Repuxavam os nervos,
Encolhiam as pernas...
O vaso permanecia ali na encosta
Quebrado
Qual oferenda
O perfume não cessava de escorrer
Terra adentro
Céu afora
Avisando a todos quantos podiam saber
O aroma seguia seu destino:
Queria poder espalhar-se
Fundir-se no roxo da noite
Acordar os mortos de sono
Era doce
Era suave
Era amargo
Uns rolavam na cama
Outros mal se deitaram
Uns levantaram para ver o céu
Em outros, entremeceram-se as espinhas
Gelaram-se testas.
Veio do pó e ao pó retornou
Mais limpo, mais puro, mais criança.
Pela única razão de que o Amor cobre a multidão de pecados.

24 junho 2011

Em paz...



"Em paz me deito e logo pego no sono,
Porque, Senhor, só tu me fazes repousar segura!"

28 abril 2011

Eu grito


Mas só eu ouço
É estranho,a voz não passa da garganta.
Em algum lugar se perde na imensidão de desejos,
sonhos, humores e rancores.

Persisto! Recebo-o de volta.
Afina, esse grito é meu, de ninguém mais.
Se tem festa, tem platéia.
Se tem dor, não.

Grito no vazio.
Voz que clama no deserto?
Sei bem o que é isso.

13 março 2011

Coisinhas antigas


Gosto de 'coisinhas' antigas.
Pequenos detalhes,
Grandes símbolos de apreciação e afeto.
Lugar certo à mesa.
Almoço de domingo.
Roupa 'quarando' ao sol.
Mudinha de planta ganhada da tia.
Café da tarde com bolo.
Beijo de bom dia.
Beijo de boa noite.
Sabonete 'Granado' de glicerina.
Pó de arroz.
Colar de pérola e
Que todo travesseiro seja digno de um nome!

27 fevereiro 2011

Tentando explicar um sonho sem conseguir! (óbvio!)

Dançavam no céu.
Firmes,seguros e intrépidos.
Com um destino certo:
O futuro!
Como eu sei?

A alegria vem pela manhã...

Por tudo que é leve

Sair do chão, encontrar o meu lugar no espaço.
Lugar que não seja muito espaçoso para não caber quinquilharias.
Fardos pesados e passados.
Não.
Definitivamente!
Sou mansa e humilde de coração.
Mais que qualquer pessoa possa imaginar,
Não cabe em mim grandes expectativas
Deixarei as pedras onde elas devem ficar: no chão,
Lugar de gravidade.
Meu coração fica  no alto,
Em meio aos meus seios que não pesam tanto
E sobre meus ossos que não são grandes
Já disse: só fica o que é leve
Fácil de levar.
O vento me sacode a espinha,
- Sai de mim tudo o que não serve mais!
Passou...
Do passado só bem pouco,
Bem pouco mesmo.
Me repito: Não desejo alzaimer a ninguém.
Mas saber esquecer coisas pelo caminho
É um privilégio para poucos.