Sentada com a coluna ereta, ou
mesmo deitada, quando estou muito cansada. Habituei-me à quietude desde
criança. Nunca investiguei se foi por algum tipo de medo. Mas essas posições
físicas de sentar-me ou deitar-me imóvel por horas, são extremamente naturais
para mim. Mal consigo perceber a minha respiração. Na verdade, vou diminuindo o
fluxo vital ao mínimo possível, numa experiência bem próxima à morte. Sinto
desligando-me de mim ou daquilo que chamo de “mim”: meu corpo físico.
Nesse estado, posso ver as esferas
mais altas do globo celeste. Mas também posso ver o meu interior: coração,
garganta, cérebro, rins, fígado, as glândulas tireoides, pineal, o timo e posso
vislumbrar meus ossos.
A experiência com os ossos é das
mais bonitas e ricas que já vivenciei. Aprendi que a cura só realiza-se a
partir deles. Vejo muito sentido nisso. Afinal, o sangue é produzido dentro dos
ossos na medula óssea, conhecida popularmente por tutano dos ossos. Trata-se de
tecido líquido, parecido com uma esponja cheinha de sangue. Apesar do nome, “medula
óssea” não tem nada a ver com a medula espinhal, que fica na coluna vertebral e
faz parte do sistema nervoso.
Nos primeiros anos de vida, todos
os ossos têm capacidade de produzir sangue, mas conforme crescemos, apenas os
mais longos - como o fêmur da perna e o úmero do braço - e os mais achatados -
como as costelas e o osso do quadril, entre outros - continuam fabricando essa
substância. A fábrica medula óssea não para nunca de trabalhar, porque o sangue
vai se renovando. Em média, o ciclo de vida de cada célula sanguínea é de
quatro meses. Enquanto algumas vão morrendo, outras vão sendo produzidas para
substituí-las. Quando essas células estão totalmente formadas e maduras,
soltam-se da medula óssea e penetram na rede de vasos sanguíneos do corpo, irrigando
e levando vida ao ser humano. Ou seja, todo o corpo humano, quer seja interna
ou externamente vai se renovando. Os ossos também, embora em uma velocidade bem
menor.
A coluna espinhal é nosso
primeiro órgão a ser formado e, a partir dele os membros se desenvolvem.
Morremos, e a única coisa que sobrará por um bom tempo serão eles, os ossos.
De modo, que percebo uma clara
relação entre as ditas “maldições” transmitidas de pais para filhos por meio
dos ossos. E também com as pragas e trabalhos de maldade que são incrivelmente
resistentes de serem retirados. É que muitas vezes queremos curar a carne, ou o
sangue, enquanto que o problema é mais profundo e forte. “Pegou”-se aos ossos.
Cantando sobre os Ossos podemos
desfazer todos os tipos de magias, quebrantos, feitiçarias e males genéticos,
tanto espirituais quanto físicos.
É como chegar ao cerne do
problema. À raiz do mal e só assim, poder eliminá-lo. Claro que sempre dentro
da vontade divina e do livre-arbítrio da pessoa que será “cantada”.
Cantamos para tirar o “encanto” e
encantar novamente aquela vida de sonhos, vigor e força.
A pessoa com quebranto,
quebrantada ou com mal-olhado sente fraqueza. É como se fosse feita apenas de
massa. Mal consegue sustentar seu próprio peso. Não caminha, arrasta-se. E
muitas vezes, sente uma dor generalizada pelo corpo, como se fosse uma febre
interna, porém que não pode ser medida, pois não está nas partes aquosas
(carne, sangue, órgãos) do corpo, está nos ossos. E eles queimam. E o
diagnóstico não é possível de ser identificado.
Nas crianças com quebranto muito
forte, chegam a ficar apenas pele e osso e se não forem ‘cantadas’ a tempo,
morrem. Muitos chamam de mal de simioto e acreditam que a origem seja a
desnutrição ou intolerância à lactose, quando, na verdade é um quebrando
profundo ou uma maldição de nascença. Tanto que não são raros os casos que
foram curados com benzimentos, principalmente em muitas regiões com assistência
médica deficiente. Não vou alongar-me nessa descrição das crianças com esse
tipo de problemas, pois é bem extensa a explicação.
Maldição existe?
Escuto muita gente que diz não
acreditar em maldições. Seria como dizer que não acreditam em energia. Maldição
é energia na sua forma negativa É como se fosse uma radiação. Não um veneno. O
veneno pode ser vomitado, excretado, pode levar à morte, Mas é bem diferente da
radiação. Essa, mais uma vez, é prova de que tal energia fixa-se nos ossos das
pessoas. Quem estuda os elementos radioativos sabem que existem vários graus de
radiação. E que cada substância leva um tempo para desaparecer em contado com o
corpo humano. Do mesmo modo a energia maléfica/maldição ou quebranto também tem
um tempo de duração, infelizmente esse tempo pode ser bem longo. Tem
radiações/maldições mais leves e tem as mais fortes.
E aí a pessoa pode me dizer: como
que “Cantando sobre os Ossos” podemos curar uma pessoa?
É simples. Pela imensa e poderosa
energia do som. Não apenas a mera repetição de palavras. Mas o som entoado que,
por misteriosos canais, fazem vibrar nossas células até os ossos.
Além disso, não posso negar que
existe o ‘dom’. O dom da empatia. A cantadora ou cantador pode ‘sentir a
pessoa’ em sua totalidade, em seu sofrimento e ir modulando a entoação da reza
ou canto conforme a necessidade de cada um.
É uma compreensão que mistura
intuição, fé e também a complexa compreensão das energias, da radiação. Do
mesmo modo que uma praga entrou pelo som, ela sairá pelo som. O antídoto é o
próprio veneno. Moisés exemplificou-nos isso com a Serpente de Bronze e, sempre
que penso nesta imagem: uma serpente de bronze, penso na rigidez de uma coluna
vertebral, tanto que ela foi colocada em um lugar onde todos pudessem ver: mirá-la,
contemplá-la para serem curadas. A coluna está no alto, ou melhor, nosso centro
energético.
Ao Cantar, não apenas emitidos os
sons, mas magnetizamos esses sons com amor, com muita misericórdia pelo outro e
por nós mesmos, mas também fazemos movimentos que acompanham o timo de cada
canto, formando uma dança, que só quem canta consegue sentir e perceber. O
nosso ventre se move, e cada célula do nosso corpo pode sentir a energia
circulando, primeiramente do centro da Criação ou trono Divino de onde se
origina toda vida, passando por cada célula do corpo de quem canta e chegando
ao paciente e libertando-o de tal fardo.
Quando a cura se dá no âmbito
ósseo, ela realmente é efetiva.
Cantar é o mesmo que rezar.
Porém, gosto mais do primeiro termo, por ser mais completo, por envolver ritmo.
Podemos dizer que o canto é uma ressonância magnética. Ressoa em todo corpo até
atingir, com seu magnetismo, os ossos enfermos.
Como todo tratamento, nem sempre
a cura se dá em uma única dose. Como já disse anteriormente dependerá de muitos
fatores: do grau de energia condensada que encontra-se ali solidificada, da
permissão divina e da vontade do paciente de ficar curado.
Cantando sobre os ossos, eles
votam a ficar limpos e a produzir sangue limpo e puro. Posso dizer com muita
alegria e emoção que eles ficam lindos e brilhantes, na verdade resplandecentes
e a pessoa recupera o vigor e ânimo.
O mundo precisa de mais
cantadores. Precisa de pessoas que percebam que a crua para maioria dos males
espirituais, encontra-se nos ossos.