São José do Rio Preto, 07 de Outubro de 2014
Dia 1
Hoje venci mais um desafio. Tenho um acordo e sou uma pessoa responsável,
por isso tenho que cumpri-lo. Antes de ser um acordo com meu mentor, ou com
minha filha Gabi e com meu chefe Glauco, é um acordo com a Vida. Àquela que
quero deixar de herança a minha filha, ao mundo e a minha própria memória.
Vencer a si mesmo é uma tarefa das mais difíceis. Ontem saí daqui (do trabalho)
passando muito mal. Apenas confiava nas palavras do meu anjo em forma de médico
Beleloy: “é só sintoma, você não vai desmaiar, não vai ter uma parada cardíaca e
muito menos ficar louca”. Agarrada a essas palavras peguei o ônibus lotado. Foco
na casa, Antes a ideia era perambular e pegar um pouco de ar. Mas o “chamado do
ninho” é mais forte. Obedeço e chego em casa em segurança, sem surtar ou morrer!Nisso
já tomei minhas duas sertralinas e meio rivotril. Mas a falta de ar hoje está difícil de ceder. A
Aline fez bolo de cenoura, os cachorros pulam em mim, corro para o banheiro,
porém não consigo respirar. Enfim, sento à mesa e me acalmo mais. Faço um
mingau, aconchego em forma de comida. Minha ligação com alguma lembrança
reconfortante da qual não consigo abrir mão nem por um bolo de cenoura.
Passo horas contemplando o jardim e minha gata Cora pulando, enquanto
tenho minhas conversas inesgotáveis com a Aline. Vou dormir tranquila. Porém,
inexplicavelmente acordo à meia-noite com muita falta de ar. Fico até as 2
horas fazendo todos os exercícios de respiração que conheço, sem resultado
algum. Nisso já foi mais um rivotril e meio. Decido ir tomar banho, fico horas
sob a água quente, depois seco os cabelos e tomo um copo de leite, volto para
cama. Mais meio rivotril e a falta de ar permanece, porém mais leve agora.
Depois de não sei quanto tempo concentrada em minha respiração, consigo
adormecer. Acordei atrasada, com dor de estômago, enjoada e a falta de ar
permanece.
Mas eu tenho um acordo. E estou aqui.