05 maio 2008

À minh'alma



Hei de arder até o chão, de uma forma ou de outra, para depois sentar nas cinzas do que um dia pensei ser. Dai, começarei a bater meu tambor lentamente, nota por nota, no início descompassadamente, até encontrar meu próprio ritmo e beleza, chamando minha Alma a habitar comigo. Varrerei a casa e a enfeitarei com flores vivas, colhidas no dia.

Quero que ela chegue com festa, com alegria de cão quando o dono surge no portão.

Atarei a minha vida a ela e não permitirei que se vá de mim.
Como a Wendy fez com a sombra de Peter Pan, costurarei seus pés aos meus com a linha e a agulha dos propósitos em comum.

Chega dela querer uma coisa e eu outra. Desejaremos juntas!

Então farei um juramento com os pés firmes na terra e diante dos santos das minhas angústias:

- Alma Minha, eu lhe prometo ser fiel todos os dias da minha vida, até o final dos meus dias. Como boa esposa lhe seguirei os passos e ouvirei suas palavras. Te alimentarei todos os dias com ternuras, silêncios e orações. Também lhe prometo muitos banhos de sol, caminhadas pela praia, abraços apertados nas árvores e banhos de cachoeiras.

E, por favor, quando sentir que me afasto de novo, iludida sabe-se lá com o quê, me passe uma rasteira, me derrube da escada, rompa-me os ligamentos, me recolha e cole novamente a ti.