![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJkIuj6PA96l8H4mxC998LiMo_NG7-hBKXWUk5Qisko8rJn9rRdUBAYt9DgV9jneCipXxyeQn2iGsBGA72Pjnuf6CR5HDwaxFM9WEVQ8UhpBsd1tRSZBSUFsCH1EoiHjg547Jr0yai-Xp3/s200/YPFMJRCA4L395ACAHP8KVACA5EOJVWCA7S156MCAL5R0CVCAME0TMYCAKHJOTZCAFTP8F6CAS1ZQTLCAWP14TKCAKWJ0PGCAYAE4PDCATAS001CATK48SXCAUJQ6ZTCAH6W40DCAWWR5N8CALYT3RN.jpg)
Às vezes não paramos para pensar em como a implementação de alguns objectos revelam nosso estilo de vida. Tudo é símbolo! É símbolo de algo maior, das nossas crenças, costumes, desejos, preconceitos...
Nossas roupas, objetos pessoais, móveis, modos, revelam quem nós somos de fato. São nossos outdors. Propaganda explícita de quem decidimos ser e de como decidimos viver.
Ao escolher simplificar a vida e optar pelo prático jogo americano estamos optando pela solidão. Sim, porque a solidão é muito prática! Como diria Sartre "o demônio são os outros". Viver sozinho, limpar seu cantinho de comer, lavar seu único prato, fazer as refeições na hora em que bem desejar, é facílimo!
Nos esquecemos de como era bom fazer as refeições em meio a barulheira da mãe lidando com as panelas, o pai falando, avós reclamando, irmãos brigando! A toalha surrada do dia-a-dia, alguém sempre derrubando o suco, farelos de pão, grãos de arroz, sinais de vida, de alegria, de união, em meio ao aparente caos.
Podíamos nos lembrar mais vezes de que a palavra "comer" carrega o prefixo "com", que quer dizer "junto". O mesmo de comunhão, de compartilhar, de comemorar. Quem criou esse termo deixou implícita a idéia de que alimentar-se sozinho deixa algo a desejar.
Algo como se só estivéssemos alimentando o corpo, pois a ausência de companhia nos priva de que a alma também seja confortada.
Afinal todo alimento é sagrado e carrega uma forte carga de sacrifício, por isso deveria ser compartilhado como uma espécie de cerimônia em homenagem a toda a vida ali ofertada generosamente. Do animal que doou sua vida, da planta que ofertou seu fruto ou si mesma, o suor de quem trabalhou no cultivo das plantas ou na criação dos animais, de quem amassou o pão, lavou, picou os legumes, enfim teve paciência e dedicação para que aquele alimento chegasse pronto até nós. Por isso cada refeição deveria ser uma ato sagrado, de união, jamais de isolamento.
Lembro de uma entrevista com uma grande empresária do ramo de restaurantes. Ela dizia que o grande diferencial da sua rede era que ela fazia questão de manter o ambiente acolhedor, como se fosse a casa do próprio cliente! E que a cada dia ela se sentava para almoçar com um ou outro freguês e que não raras vezes algum chegava a chorar diante daquela atitude, pois ele dizia que o que sentia mais falta era de uma refeição em casa, com a esposa e os filhos. É engraçado como os homens são mais sensíveis a isso, até mais que as mulheres!
Claro que nem sempre isso é possível, os tempos, definitivamente, são outros. As várias ocupações que assumimos, os horários malucos e até a ausência da família por perto.
Por isso quando aparecer a oportunidade vamos colocar a mesa sim! Sentar junto, reunir a família, os amigos. "Sujar" a toalha, o chão, a casa , pois esses são, sem dúvida, os melhores momentos da vida. Nada de jogo americano!
Talvez não seja coincidência que a figura mais reproduzida no mundo durante tantos séculos seja a da Santa Ceia, pois ela simboliza nossa maior necessidade: união.