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Amo todos os poemas da Adélia Prado, mas esse particularmente me é especial. Creio que ele fala de uma das necessidades mais urgentes do ser humano, o de ser aceito incondicionalmente. O de encontrar um relacionamento que simplesmente ame, livre de pompas e artificialidades. Amor feinho é, na verdade o mais bonito, porque verdadeiro. Não se preocupa com que os outros vão pensar, é uma escolha do coração, não apenas dos olhos. Não quer saber se os amigos vão aplaudir a nova conquista como quem pesca o maior peixe, ou se as amigas morrerão de inveja.
Ele é feito para existir e não para parecer que existe. Feito para ser e não para aparecer.
Sabe aquele sentimento de querer crescer junto, construir solidamente uma família, um lar, educar filhos, viajar de férias pelo simples prazer de estarem juntos?
À vezes nos esquecemos que somos seres humanos e assim sendo não fomos feitos para viver em vitrines. É preciso amar, viver de verdade, rir, chorar, limpar vômito de criança, pagar conta, cuidar de vazamentos. Coisas sem nenhum glamour e que fazem um amor de aparências desabar logo que acontecem ou que vão se acumulando.
Mas são justamente estas mesmas coisas que solidificam um casamento: os problemas enfrentados juntos, as horas difíceis compartilhadas. Claro que há coisas boas: festas, promoções, conquistas, mas no dia a dia o que têm destaque são o pequenos problemas a serem solucionados. É nesta hora que o amor é testado, quando ao invés de um colocar a culpa no outro, ambos assumem a responsabilidade pelo fato e em conjunto procuram a solução. Tudo o mais simples, natural e sem afetação possível.
Por que será que fomos ficando tão complicados?
Será que por passarmos diariamente diante das revistas "Caras" da vida, ou termos dentro da nossas casas telenovelas que mostram um padrão estético e de comportamento muito, muito longe do real, não nos contentamos mais com o que é simples? Como diz o poema "eu sou homem, você mulher" isso basta, ou deveria bastar...
Acredito que chegamos no limite, carecemos de amor verdadeiro, vontade de sermos aceitos como somos, de aceitar a vida e o casamento como eles são: perfeitos na sua imperfeição.
Quando será que vamos crescer? Saber lidar com os problemas da casa, da família, do trabalho, dos relacionamentos como o que eles são: questões a serem solucionadas? Sem levar para o lado pessoal, sem alimentar nossos complexos e os do outro? Aceitar um amor maduro, feinho, na maior parte das vezes sem nenhuma beleza deslumbrante, mas real?