02 março 2008

O que ouço eu das coisas



As coisas são vivas, elas se expressam no silêncio dos dias. As paredes falam, assim como as portas e as mesas. As pedras também falam, e não falam pouco! Elas são as anciãs da terra e contam histórias de um tempo quando nem sonhávamos existir...

A natureza me diz o que fazer em cada tempo. Meu calendário é feito do florir das árvores.

O rosa calmo e seguro da paineira, assim como o roxo profundo das quaresmeiras me anunciam a chegada do outono e me propõem um cafezinho quente. O balançar das folhas nas árvores me diz que é hora de partir para dentro de mim, hora de entrar na caverna.
No inverno, o barulho da canjica na panela de pressão me consola, diz que tudo vai melhorar, que é para eu ter paciência.

Os ipês me falam da coragem de florir quando todos insistem em se ocultarem. Em meio aos pastos secos do frio falam de esperança e força.

Na primavera renasço com o amarelo das sibipirunas, elas são a própria jovialidade e frescor.


Em Novembro os flamboyants falam da alegria, do amor e do calor. De tudo que é quente, bom e alaranjado.Este ritmo expresso pela natureza me equilibra, regenera, revigora.


Assim, ano a ano, estação após estação, aprendo mais das árvores e de mim. Aprendo que para tudo há um tempo e não adianta querer ter flamboyant em Abril, nem quaresmeira em Setembro.