31 outubro 2008

Seres andantes



Há mais ou menos uns 17 anos li uma reportagem que dizia que "somos seres andantes". Não sei por que esta afirmação jamais me saiu da cabeça. Na época, muito mais jovem, estudava em Viçosa. Uma Universidade longe de tudo e onde tudo é longe. De uma aula a outra, haja fôlego! Isso de segunda à segunda, das 7 da manhã as 23:00 da noite, que era o horário absurdo em que saíamos das últimas provas.

Como sempre, pobre, andava à pé. Mas isso não me incomodava, nem nunca foi motivo de revolta. Fazia minhas andanças com imensa satisfação, mas sem pensar muito sobre elas. Apenas andava. Não havia preocupações 'ecológicas', como o uso abusivo dos recursos não renováveis, o dióxido de carbono liberado no ar ou a questão dos males adventos do sedentarismo. Nada disso me passava pela consciência, e acho que de bem poucas pessoas no Brasil daquela época.

O tempo foi passando e, quando dei por mim, estava dirigindo. Obcecada pela questão 'tempo' achava que deixar o carro na garagem e fazer qualquer coisa à pé seria loucura. Não teria tempo pra cumprir com os muitos compromissos que havia assumido. Alguns anos mais se passaram e comecei a reparar que minha saúde não era mais a mesma, muito menos meu corpo!

As gordurinhas iam se acumulando, vivia tensa, estressada. E fazia massagens para tentar compensar o prejuízo. Inchava muito, meus pés viviam parecendo pão-de-batata.

Demorei pra perceber que precisava me livrar do carro o mais rápido possível. E demorei mais ainda para tomar essa atitude. Confesso que só neste ano tomei a tal decisão.

No começo bateu insegurança de todo tipo: não terei tempo de fazer minhas coisas, minha filha vai estranhar (ela nunca gostou de caminhar), ficarei limitada com a questão das roupas, pois fazer tudo à pé exige roupas e calçados apropriados, enfim, foram tantos os obstáculos que me coloquei que pensei que não seria possível, mas surpresa: está sendo totalmente viável, possível e prazeirozo!

Vejo meu corpo mudando dia-a-dia. Minha saúde e muito, muito, menos tensão. Minha filha faz suas atividades acompanhada com as amigas, vão conversando, conhecendo pessoas, descobrindo uma ou outra lojinha, sentindo a cidade, vivendo a cidade.

Acredito que é assim que deve ser.

Infelizmente não temos esta preocupação no Brasil de morar perto do emprego, da padaria, da escola, da livraria... Coisa que nos permitiria muito mais qualidade de vida, maior relacionamento com os 'cidadãos' e muito mais saúde.

Ao caminhar movimentamos o sistema linfático, que é o responsável pela eliminação de uma série de substâncias tóxicas. Quando não caminhamos ficamos como que com um reservatório de água parada dentro de nós. Mas não só água, água com alguns 'veneninhos' que não foram descartados. Não adianta muito outros tipos de atividade física, pois é o contato do pé com o solo, o impacto que faz circular a tal água parada de baixo para cima, que do contrário vai se acumulando. Os mais antigos diziam que uma canela fina era sinônimo de saúde, acho que eles tinham razão, pois isso denota que a pessoa não vem acumulando 'lixo' pelo corpo, portanto terá menos chance de doenças.

Além de tudo isso, gente, sou muito suspeita pra falar, caminhar é delicioso! Você vai sentindo a liberdade do seu corpo, percebe como ele é solto, livre. Sente os cheiros das ruas, da padaria, das árvores, cruza de frente com as pessoas, olha nos olhos, cumprimenta os desconhecidos, faz amigos, arruma briga com os cachorros e, observa, estarrecida, a loucura das pessoas dentro de seus carros. Como se vivessem em eterna urgência e desespero. É uma briga aqui por uma vaga, outra ali por uma paradinha onde não devia. Olhando tudo isso, de fora, penso: ufa! Que bom que não faço mais parte desse time!

Me reconheço totalmente como um ser que depende do movimento para viver, não o do carro, mas o meu próprio. E que, além de tudo, possuo um ritmo que é único e independente.

24 outubro 2008

Gato Preto



Coisa boa na vida é irmão, ou irmã, como no meu caso! E uma pessoa assim, tão especial, é um verdadeiro presente!

Quase nos matávamos quando crianças: ela me mordia e eu a arranhava.

Mesmo assim ela era minha defensora inconteste. Ai de quem se metesse à besta comigo, ela "esperava na saída da escola", enquanto a irmã 'pamonha' e chorona, eu, ia para casa aos prantos e deixava ela lá, na fogueira, por minha causa!

Apesar de mignon sempre foi brava e jamais fugiu de uma briga A primeira a alcançar os galhos mais altos das árvores, a pular na água e a experimentar qualquer novidade. Principalmente se a tal novidade oferecesse algum risco de vida!

Ela se achava a dona do flamboyant da frente de casa. Apesar de que isso não me incomodava. Pois mesmo sendo mais bonito, preferia a mangueira do quintal dos fundos. Desse jeito demarcávamos nossos territórios: ela, no iluminado, alaranjado, esplendoroso flamboyant e eu, na escura , escondida e velha mangueira.

Os pais deveriam observar desde cedo os talentos naturais dos filhos, suas brincadeiras preferidas, isso ajudaria muito no encaminhamento profissional. Criaria atalhos, impediria que ficássemos quebrando a cabeça entre várias opções. Na antiguidade e na Idade Média era assim, o pai que podia pagar, selecionava uma pessoa para ficar observando o filho e ver sua essência, para que desse modo fosse desenvolvido o potencial máximo daquele indivíduo. Foi assim com Carlos Magno, Platão, entre outras figuras que se destacaram em suas atividades. Hoje nem pais, nem professores, costumam reparar muito nestas coisas o que é um grande desperdício.

Mas, quem reparasse em minha irmã logo perceberia que ela gosta de perigo. Aos três anos escalou um armário enorme, só para pegar um doce de abóbora com veneno para ratos que estava lá em cima. Nem preciso dizer que quase morreu. E assim foi a infância toda. Talvez por isso, até a época de nos separarmos, quando fui para Viçosa e a deixei em Jahu, me sentia responsável pela sua vida, meio que anjo-da-guarda dela. Pois vá gostar de flertar coma morte assim, lá longe! Não sei quantas vezes meu pai teve que sair correndo para o hospital com ela.

Além das roupas pretas, a agilidade e o olhar felino, talvez, essas 'várias vidas', explique seu apelido: "Gato Preto".

Desde pequena ouço a história de que quando ela nasceu (prematura, com atrofia pulmonar, mas com pressa, com urgência de viver, como sempre) foi a única criança a sobreviver no hospital naquele dia. E que em casa não sobrou uma única galinha no quintal, algo aconteceu que matou todas de uma só vez! Observando seu Mapa Natal, vemos que Plutão andava furioso naqueles dias. Talvez isso simbolize sua resistência. Que é espantosamente sobre-humana. Resiste a tudo, desde veneno de rato a uma conjunção planetária atroz , só não resiste às tentações. Ama os prazeres da vida: uma boa mesa, uma roupa bonita e um belo gato! Afinal, a protegida de Plutão, também é humana!
Mas ela é doce, muito doce. Amorosa, família, companheira para qualquer hora ou atividade.

E possui uma peculiar filosofia de vida. Ela acredita que o divórcio deixaria de existir se uma vez por mês, num dia específico (como faz uma tribo indígena, que ela leu só Deus sabe onde) todas as mulheres dessem uma boa surra nos maridos. Com vontade mesmo! De deixá-los mortos. Isso acabaria com o lance de discutir a relação, ficar de bico, essas coisas que vão matando as mulheres por dentro de tanta raiva pelos absurdos que os homens cometem.(Só eles, lógico. Pois, nós, mulheres, formamos uma casta superior!)

Ela também acredita que as mulheres são mais estressadas porque não tem "saco" pra coçar, que por isso os homens são mais 'cabeça fresca', em vez de pensar, eles ficam se coçando no sofá. Ela pensa que deve haver algum mecanismo interno que liga esse ato, diga-se de passagem: horroroso, a algum lugar do cérebro que libera calmantes na corrente sanguínea. Assim eles passam o dia, o final de semana, o mês, vendo o replay do replay da copa de 82!

Filosofias à parte. Ela é muito especial.

Forte de verdade, mas sua verdadeira força está no caráter e no amor.

Será que precisa de mais alguma coisa?

19 outubro 2008

Generosidade



"Somente o poeta reza sem interesse.
Não paga imposto
por ter asas,
beija com lábios de criação
os seus "queros".
Reza com visão de arco-íris
promissora e pacifista.
Consagra com sua palavra o valor do silêncio.
Sente Deus próximo,
no lírio e no abacate.
Neutraliza o político escuro,
com pulsações
intermitentes
de luz.
Somente o poeta
está louco de verdade.
Sente o perfume
da vida
e do nada.
Impregna de beleza
as tempestades.
nem se vende,
nem, se compra:

se dá de presente."


Enrique Mariscal

17 outubro 2008

A toalha une, o jogo americano separa




Às vezes não paramos para pensar em como a implementação de alguns objectos revelam nosso estilo de vida. Tudo é símbolo! É símbolo de algo maior, das nossas crenças, costumes, desejos, preconceitos...

Nossas roupas, objetos pessoais, móveis, modos, revelam quem nós somos de fato. São nossos outdors. Propaganda explícita de quem decidimos ser e de como decidimos viver.

Ao escolher simplificar a vida e optar pelo prático jogo americano estamos optando pela solidão. Sim, porque a solidão é muito prática! Como diria Sartre "o demônio são os outros". Viver sozinho, limpar seu cantinho de comer, lavar seu único prato, fazer as refeições na hora em que bem desejar, é facílimo!

Nos esquecemos de como era bom fazer as refeições em meio a barulheira da mãe lidando com as panelas, o pai falando, avós reclamando, irmãos brigando! A toalha surrada do dia-a-dia, alguém sempre derrubando o suco, farelos de pão, grãos de arroz, sinais de vida, de alegria, de união, em meio ao aparente caos.

Podíamos nos lembrar mais vezes de que a palavra "comer" carrega o prefixo "com", que quer dizer "junto". O mesmo de comunhão, de compartilhar, de comemorar. Quem criou esse termo deixou implícita a idéia de que alimentar-se sozinho deixa algo a desejar.

Algo como se só estivéssemos alimentando o corpo, pois a ausência de companhia nos priva de que a alma também seja confortada.

Afinal todo alimento é sagrado e carrega uma forte carga de sacrifício, por isso deveria ser compartilhado como uma espécie de cerimônia em homenagem a toda a vida ali ofertada generosamente. Do animal que doou sua vida, da planta que ofertou seu fruto ou si mesma, o suor de quem trabalhou no cultivo das plantas ou na criação dos animais, de quem amassou o pão, lavou, picou os legumes, enfim teve paciência e dedicação para que aquele alimento chegasse pronto até nós. Por isso cada refeição deveria ser uma ato sagrado, de união, jamais de isolamento.

Lembro de uma entrevista com uma grande empresária do ramo de restaurantes. Ela dizia que o grande diferencial da sua rede era que ela fazia questão de manter o ambiente acolhedor, como se fosse a casa do próprio cliente! E que a cada dia ela se sentava para almoçar com um ou outro freguês e que não raras vezes algum chegava a chorar diante daquela atitude, pois ele dizia que o que sentia mais falta era de uma refeição em casa, com a esposa e os filhos. É engraçado como os homens são mais sensíveis a isso, até mais que as mulheres!

Claro que nem sempre isso é possível, os tempos, definitivamente, são outros. As várias ocupações que assumimos, os horários malucos e até a ausência da família por perto.

Por isso quando aparecer a oportunidade vamos colocar a mesa sim! Sentar junto, reunir a família, os amigos. "Sujar" a toalha, o chão, a casa , pois esses são, sem dúvida, os melhores momentos da vida. Nada de jogo americano!

Talvez não seja coincidência que a figura mais reproduzida no mundo durante tantos séculos seja a da Santa Ceia, pois ela simboliza nossa maior necessidade: união.

08 outubro 2008

Tempestades



Reparo que a natureza me cura. Há tempos conheço essa verdade, porém poucas vezes a aplico.

Não apenas no uso dos chás e das plantas. Não. É muito mais do que isso!

Fui uma criança solta. Em integração total com a natureza. Quando o ar trazia o cheiro de tempestade, com seus vendavais, nuvens negras e redemoinhos, corria pela estrada de terra, de braços abertos, rodopiando em júbilo, enquanto minha irmã ia para o alto das árvores balançar nos galhos . Minha avó ficava desesperada e voava para o quarto rezar. Meu pai, acho que de quem herdamos o gosto por essas coisas estranhas, ficava na horta revirando a terra e contemplando o cenário. Tempestade na roça não é igual na cidade. É muito mais agressiva, pois as muitas árvores fazem um barulho enorme, os animais se agitam e a terra se levanta, fazendo do céu um vermelhão só.

O que sempre acontecia era de um trator abrir a estrada que o mato ia invadindo, deixando montanhas de terra vermelha soltas nas laterais, imagina se não rolávamos naquele barro depois que a chuva caia? Não era simplesmente fazer guerrinha de barro, era entrar completamente na lama, passar por debaixo dos bueiros na enxurrada, e correr, correr loucamente como que para voar com o vento.

Meu pai achava a coisa mais natural do mundo e jamais tivemos um resfriado que fosse. Até hoje, somos bem resistentes. Minha sogra se escandaliza em me ver sair do banho e ir pro vento, lavar o cabelo no tanque depois de chegar suada da rua, dormir com os cabelos molhados, entrar no mar à noite ou debaixo de chuva. Não é desafiar a sorte, nem uma tendência suicida, mas necessidade de me sentir mais próxima da minha essência. De saber que sou forte, muito forte! Quem sabe porque fiz de um trecho do poema "I-Juca-pirama" um mantra pessoal:


"Sou brava, sou forte,

Sou filha do Norte,

Meu canto de morte,

Guerreiros, ouvi"


Talvez o Fernando tenha razão em me apelidar de 'índia'. Desconheço qualquer traço indígena na minha família, mas sei que como eles tenho uma ligação fortíssima com a terra, com as plantas, com natureza. Ela me desperta, me fortalece no que tenho de mais essencial.

Quando tinha 14 anos tinha uma mobilete. Nesta época morava com minha mãe, que também não era adepta da vigilância. Morava em S.J. do Rio Preto, terra conhecida pelo grande calor e como consequente por tempestades fortíssimas. Volta e meia uma delas me pegava nas estradas de terra que cortavam vários municípios ao redor, onde andava para fugir da fiscalização. Sentir os pingos de chuva me cortando como agulha na pele e o vento no rosto eram das coisas mais maravilhosas que podia sentir. Por isso nunca entendi o que Fernando Pessoa quis dizer com "Pensar incomoda como andar na chuva", pois realmente adoro e é a maneira mais fácil de me ver na praia ou numa caminhada: debaixo de chuva!

Sentir o cheiro da terra molhada, o uivo do vento, o chacoalhar das folhas, me dão uma sensação de plenitude. Não sei explicar, em dias assim acho um desperdício dormir e poderia passar a noite na janela contemplando o espetáculo. Certa vez, quando ia de Rio Preto para o Paraná, uma enorme tempestade nos pegou entre Presidente Prudente e Maringá. Era de noite e todos no ônibus dormiam. Fiquei em transe com a beleza dos raios que cortavam o céu sem parar, nunca mais presenciei nada parecido. É como se alguma coisa em mim fizesse parte de tudo aquilo.

Como se eu fosse feita da mesma matéria que a terra, o vento, a água, as árvores. Não apenas na teoria, pois é verdade que temos a mesma composição. Mas é algo maior. Algo que desperta minha alma, me chama à vida, me prova que nada está morto.

07 outubro 2008

Quietude



Ele chegou assim como quem não espera mais nada da vida. O cansaço do corpo e da alma eram totais. O sinal da desesperança se alastrava por todo seu corpo, seu andar era arrastado, as costas curvas. Segurei no seu queixo, levantando o seu rosto: olhos de naufrago! Os cabelos desgrenhados, pareciam que tinham se tornado brancos de uma só vez. As asas mais pareciam de um frango de granja abatido. Nem de longe lembrava o esplendoroso anjo que um dia pousou no meu ipê.

Acompanhei, segurando-o pela cintura, para dentro da nossa casa. Casa tosca, como a mesa, as cadeiras, a cama, a nossa vida!

Chega um tempo em que as palavras tornam-se inúteis. Conhece-se cada vinco do rosto, cada ruga da mão.

Peguei a chaleira sobre o fogo e despejei na bacia. Dobrei a barra de suas calças puídas e como se tocasse o corpo frágil de um bebe, conduzi seus pés até a água morna. Fui ao quintal, colhi um ramo de alecrim, dizem que revigora as forças. Ajoelhei-me junto a bacia e macerei suas folhas delicadas sobre sua pele fina.

O tempo passou nessa quietude, a chuva parou, a escuridão tornou-se densa.

Será que ele tem sonhos? Será que eu tenho?

Observo as pedras pela janela, vultos escuros, sombrios, cobertas de musgos, cheirando a mar. Imóveis e tristes, belas e serenas, como só a velhice sabe ser.

06 outubro 2008

Ainda bem que vivo em Nárnia!



Cada qual vive como quer e, onde quer! Não é assim?

Este é um dos direitos primordiais do ser humano: o de ir e vir. Já imaginou se fosse diferente? Você, impossibilitado de visitar seus parentes, amigos, amores em outros lugares? Por isso decidi viver em Nárnia, lá vivem meus amigos: os faunos, criaturas incríveis por quem tenho grande apreço. Às vezes visito Forks, já que lá vivem os Cullen, meus queridos vampiros. Repito: cada qual vive onde quer, ou onde se sente melhor!

Manuel Bandeira sofria terrivelmente de uma doença respiratória que mais tarde revelou-se tratar de uma tuberculose, sua vida limitava-se a quatro paredes e uma cama de solteiro, por isso decidiu ir embora para Passárgada.

Há quem aspire o Céu com seus anjos, outros o Paraíso com inúmeras virgens e fontes transbordantes, outros ainda decidem ir para Xangrilá. O problema é que as pessoas pensam que só podem ir para onde seus corações almejam depois da morte. Eu decidi ir em vida!

Minha irmã, pessoa que confio muito, e que é um exemplo de honestidade, me falou:"Depois que aprendi a apertar a tecla 'foda-se' minha vida melhorou muito!". Infelizmente, não sei se é defeito de fabricação, mas ainda não consegui descobrir onde fica esta tecla em mim. Então, enquanto ela não aparece continuo em Nárnia, na Terra Média, em Forks, onde mais as fadas, os elfos e centauros me levarem.